O Lourenço nos ameaça com suas sátiras, palavras mordazes, estranha aparência, queixumes, frases desconcertantes, dores, esclarecimentos que (muitas vezes) não queremos esclarecer, longas divagações — e outros pormenores inamistosos.
As coisas mais necessárias na vida do Lourenço são: o papel, a caneta, a água, a máquina de escrever (de preferência uma Underwood [com alfabeto cirílico]), o gim, a vodca, os filmes do Tarkovski, os filmes do Kubrick (vide Barry Lyndon) os livros do Pynchon, teatro (aos sábados), o pão de centeio, a uva, a indumentária discreta, os beijos de uma certa donzela.
Coisas prejudiciais ao Lourenço: calor, esquecimento, fúria, ansiedade, levantar sem ter vontade de levantar, fogo, chorar de mais, poluição sonora, poluição visual, café frio, melancolia (quando prolongada), poluição atmosférica, bebida fermentada, aglomerado de seres humanos, ganhar livros do Paulo Coelho (e/ou do Augusto Cury).
Profissões já exercidas pelo Lourenço (artes, ofícios & ciências): jardineiro, eletricista, escritor, motorista de autocarro, bartender, dramaturgo, assistente técnico de telecomputadores, maquinista, telefonista, cozinheiro, copista, datilógrafo (durante uma semana), construtor, jornalista, massagista, professor de geografia, torneiro mecânico.
Parentes do Lourenço: noiva, pai, primo, prima, irmão, mãe, tia, avô, avó, sobrinha, sogra, nora, genro, sogro, irmã, cunhado, tio.
Epítetos do Lourenço (lista à parte): zangado, leitor, fofoqueiro, bandido, zarolho, fornicador, imprudente, letrista, poeta-brigão, malvado, desgostoso, tagarela, sorumbático, irrisório, sarcástico, desolado, ferido, ambulante, mesquinho, trambiqueiro, traquinas, aflito, desamparado, prevenido, trocista.
— P. R. Cunha
Forreta tb.🤔
Pois, vê lá: sovina imenso, o Lourenço — que adora um adjetivo raro.
¡Vaya personaje! no le falta de nada al hombre… aunque hay cosas que a él le gustan que a mí también y cosas que le disgustan que a mí también, así que no todo es malo…
Un abrazo, P.
Estrella,
La completitud es sólo apariencia. Hay mucho espacio vacío dentro dentro del hombre.
Fuerte abrazo,
P.
“no le falta de nada” es en plan ironico, quiero decir que es un ejemplar retorcido, lleno de defectos… No sé si me entiendes.
Abrazos.
¡Oh!, si, si, amiga mía. Comprendo perfectamente.
Abrazos,
P.
Esse Lourenço é bem peculiar….cheio de qualidades e um faz tudo. Será que ele encontrará um par romântico? Abraço
Todos tomam vodca? 🙂
G.,
Os que precisam (se) esquecer, sim, tomam a vodca. Os outros, pelos vistos, satisfazem-se com um suquito de laranja, ou uma vitamina de abacate.
A verdade é que há de todos os tipos, de todos os gostos, de todos os gêneros — fábrica de personagens indiscretos (i.e. minha cabeça).
Faz um escritor abstêmio, rústico, sistemático e místico pra mim? hahaha…
Pois, G.: abstêmios, rústicos, sistemáticos, místicos — assim não o são 83,25% dos escritores brasileiros que deitam para as prateleiras de nossas livrarias?
Abstêmios e rústicos? Conheço poucos… Sistemáticos e místicos, sim, têm vários mesmo… 🙂
O Lourenço, dizem, gosta de ler romances oitocentistas (Flaubert & Balzac, por exemplo). De modo que um flerte à moda antiga é uma previsibilidade.